Conheça em detalhes como foi fraudada a “Lista de Furnas”
By Gabriel Azevedo on 11 de dezembro de 2011
É engraçada a reação de Rogério Correia, do PT de Minas, depois que foi pego com a boca na botija pelas gravações da Polícia Federal. O material obtido pela PF mostra o deputado e o assessor dele negociando com o estelionatário Nilton Monteiro a falsificação dos papéis conhecidos como a Lista de Furnas.
Ele passou o sábado no Twitter, auxiliado pelos fakes de sempre. Ficou caladinho com as denúncias. Não explicou a conversa dele pelo telefone com o bandido que está preso pelas falsificações de notas promissórias de mais de R$ 300 milhões, e também não explicou a conversa do assessor dele trocando assinaturas com o falsário.
Na verdade, tentou fazer o que sempre fez: mudar o foco do assunto e apostar na desinformação das pessoas. Recuperou matérias antigas de jornais, da época em que pairavam duvidas sobre a autenticidade ou não dos papéis. De forma patética, tentou colocar a Folha contra a Veja, publicando matéria antiga do jornal (Veja aqui uma matéria antiga da Folha em que ela já apostava na fraude e na participação do deputado Rogério Correia).
Agora, tentando se safar, aposta de novo na confusão, dizendo que vai apresentar – de novo – alguma das duas versões da lista e um laudo da Polícia Federal que atestaria a veracidade dos papéis. É muito cara de pau! Vai apresentar outra vez documentos falsos que o Nilton Monteiro e os próprios petistas cansaram de espalhar por aí.
Em vez de explicar as gravações, o deputado vai se vangloriar de que a falsificação foi bem feita e que enganou muita gente, inclusive peritos experientes como os da PF, mas que acabaram por apresentar outros indícios de fraude??
Se alguém quiser conhecer os laudos da Polícia Federal e de outros especialistas, não precisa esperar até segunda-feira. Para ver os principais trechos dos dois laudos da PF, entre aqui.
Para quem não conhece direito a história da fraude aqui vai uma linha do tempo:
- Em 2005 acontece o escândalo do mensalão do PT.
- O PT começa a divulgar a tese de que o mensalão não foi o que foi na verdade: compra de apoio no Congresso. Os recursos seriam apenas caixa dois de campanha eleitoral.
- Difundem a tese de que caixa dois é norma, e que “todo mundo faz”; mas faltava provar a tese de que todo mundo faz.
- Aparece, então, um outro ramo dos aloprados. O deputado Rogério Correia do PT se associa ao falsário Nilton Monteiro que surge, do nada, com folhas xerox com assinatura do diretor de Furnas, no que seria uma relatoria de repasses de recursos e caixa dois de campanha para políticos adversários do PT, em 2002.
- Desde o primeiro momento, a lista é envolta em contradições. Especialistas apontam para a fraude, mas alguns até reconhecem que a falsificação é bem feita.
- A lista se revela falsa não apenas pela assinatura, mas também pelo logotipo do papel timbrado de Furnas usado nas informações escritas.
- Fica claro que a lista não poderia ter sido feita em 2002, como alegava o falsário, mas em 2005, na crise do mensalão do PT.
- A lista traz nomes de empresas que não existiam em 2002 e, sim, só em 2005.
- A CPI dos Correios considera os papéis falsos e indicia o lobista Nilton Monteiro e o assessor da prefeitura de Belo Horizonte, Luiz Fernando Carceroni.
- Ministério Público de Minas denuncia os dois à Justiça.
- Desde que apresentou as cópias, pelo excesso de contradições, Nilton era cobrado pela imprensa para apresentar os originais.
- São deste momento as gravações telefônicas que a Veja divulgou.
- Pressionado, Nilton Monteiro tenta encontrar formas de dar veracidade às xerox dos papéis que tinha divulgado. Várias cópias foram distribuídas com alarde pelo PT, que precisava, então, esquentar o material. Para isso, inventa os tais recibos de políticos, que teriam a função de confirmar os dados escritos nas xerox, como se políticos experientes como aqueles, mesmo que tivessem recebido dinheiro, fossem assinar um recibo de caixa dois!
- Para falsificar tais recibos, o estelionatário precisa de amostras de assinaturas de políticos. Sabe-se agora que, para fazer as falsificações nos papéis, o parceiro era o deputado Rogério Correia, do PT, por meio do seu principal assessor, Simeão de Oliveira.
- Finalmente, em maio de 2006 Nilton Monteiro apresenta os chamados originais das cópias xerox que havia divulgado antes. É aí que a Polícia Federal desmascara de vez a fraude, mostrando que, ao contrário do que afirmava o falsário, os novos papéis são diferentes das xerox distribuídas anteriormente, comprovando que são uma falsificação diferente da primeira. Na realidade, foram duas listas falsificadas.
- Abaixo, trecho do laudo do Instituto Nacional de Criminalística (INC), do Departamento da Polícia Federal – Laudo: Nº. 1097/2006, de 07 de junho de 2006, sobre os papéis apresentados:
Além da discrepância entre as logomarcas, verificou-se que o texto digitado na lista anterior (objeto do Laudo nº. 456/2006 – INC) apresenta algumas diferenças de formatação em relação ao atual, _deixando claro que aquela cópia não foi obtida a partir desse último documento_. Observa-se, por exemplo, que _quando se tenta sobrepor as duas listas ocorre um nítido desalinhamento entre os textos e não há uma perfeita superposição_.”Acesse as cópias dos documentos do que disse o laudo da Polícia Federal.
Finalmente, verificou-se que as assinaturas e as rubricas não eram as mesmas nas duas listas e estavam apostas em posições diferentes nos dois documentos, como constata nos exemplos das fotografias 15 e 16”.
Por que foram falsificados dois conjuntos de papéis diferentes?
Quem acompanhou o caso na época explica:
- Nilton Monteiro deu esse golpe do mesmo jeito que montou vários outros a que responde processo na Justiça, como o caso da extorsão montada contra a Samarco Mineração.
- O modus operandi dele é o mesmo em todos os golpes que dá. Ele fabrica um documento, tira xerox, e some com os originais para dificultar a perícia. A perícia em xerox é sempre mais difícil. O próprio laudo da PF confirma isso, dizendo que os papéis tinham alguns elementos que pareciam verdadeiros.
- Neste caso, não contava com a pressão da imprensa pra apresentar os originais, que ele não tinha mais. Nilton Monteiro não teve escolha a não ser fabricar outros originais. Aproveitou para melhorar aquilo que os peritos haviam indicado como evidência da fraude nas fotocópias: assinaturas e logotipo de Furnas em papel timbrado, que, nas xerox, não correspondiam aos da empresa.
- Ao tentar melhorar a falsificação, o estelionatário acabou fornecendo prova contra si mesmo. Inteligência não é mesmo o forte do rapaz.
- Ao fazer isso, deixou claro que ele mentira o tempo todo e, que na verdade, havia falsificado dois conjuntos diferentes de papeis.
Agora, as perguntas que o deputado Rogério Correia do PT não quer que você faça no caso de fraude:
- Por que o deputado do PT mentiu para a Veja, dizendo que só teve contato com o falsário duas vezes?
- Por que Rogério Correia mentiu em entrevista para a Folha de S. Paulo e para a Carta Capital para dar cobertura às versões de Nilton Monteiro – versões que foram depois desmentidas pelo próprio falsário?
- Por que o advogado William dos Santos mentiu para Veja dizendo que foi procurar José Dirceu para outro assunto? Dirceu confirma que foi procurado pelo advogado para defender Nilton Monteiro, mas quis ficar longe deste assunto. Leia no Portal Terra.
- Rogério Correia usou dinheiro público para financiar a fraude?
- O advogado que ele colocou para defender Nilton Monteiro é pago pelo contribuinte?
- O assessor que tratou das assinaturas é pago pelo contribuinte?
- Isso é ético?
- O que Rogério Correia acha das falsificações de notas promissórias de mais de R$ 300 milhões que seu amigo estelionatário fez?
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